Diante de mim estava uma grande oportunidade.
Eu apenas chegava àquela empresa. Como qualquer um vindo de fora, via muitas caras desconfiadas. Dava para ler algumas expressões nas reações da turma.
Por que será que ele foi contratado no mercado? Será que ninguém aqui é capaz de fazer o que ele foi contratado para entregar? Será que ele conhece mesmo o nosso negócio?
Quando a gente entra num novo espaço de trabalho, muitas vezes, a reação é essa mesma.
É como se a gente continuasse no processo de seleção, mas já tendo ganhado o posto e havendo entrado na empresa.
Na segunda semana, numa reunião de trabalho com outros gerentes, o diretor da nossa área apresenta alguns projetos pendentes. Na tela, a lista deles, com a recomendação de quem deveria liderar cada um.
Alguns dos projetos eram bem bacanas. Iniciativas estratégicas, temas que chamavam a atenção de todos. Esses, melhores, foram dados para os líderes mais antigos de casa. Ao novato do time coube outra coisa.
Recebi um daqueles projetos que ninguém tem vontade de liderar. Um osso.
Uma iniciativa parada há anos. Ninguém tinha conseguido tirá-la do papel.
Minha primeira reação foi de frustração. Era como se alguém estivesse me testando.
Mas depois de digerir a notícia, percebi outra coisa. Na verdade, diante de mim estava uma grande oportunidade. A de demonstrar minha capacidade.
Que tal conseguir liderar um projeto que ninguém conseguiu executar antes?
O projeto era mesmo chato. Mas poder mostrar a todos que eu seria capaz de entregá-lo era minha grande motivação.
E assim foi. Dei conta do recado em tempo recorde. Mais rápido do que alguns dos projetos bacanas.
Me deram um osso.
E eu o tratei com respeito.
Na rodada seguinte já me deram um projeto estratégico.
Os primeiros passos numa transição são assim. Mais duros.
Até você aprender a lidar com os anticorpos da turma, demonstrando já fazer parte da equipe.
Apesar de parecer, esse fenômeno não é pessoal.
Está presente em muitas transições do mundo corporativo.
Commentaires